Escreveu
Nietzsche: "o homem é uma ponte que vai do animal para além dele mesmo". E diz
mais: "perigosa é essa travessia".
Esse
pensador, sem dúvida, se não foi o maior, certamente foi um dos maiores dos
nosso tempo, justamente porque, ao definir o homem como uma ponte, adverte-nos também que é perigosa essa travessia. Ou seja, em
lugares planos, sem obstáculos, sem mares, sem rios corrediços, sem abismos que
se queira transcender, superar, não são necessárias à construção ou à existência
de pontes.
Se o homem, diferentemente de todos os outros seres, é uma ponte que vai para além do animal que ele traz em si, para além dele mesmo, essa ponte precisa ser muito bem construída, caso
contrário, ele desaba e cai-se num abismo.
Além
disso, se o homem é uma ponte e não um fim, não um ser fechado em si, compacto,
pronto e acabado, seguindo por outras pontes que não as construídas por si,
por ele próprio, mas construídas pelos outros, pelos valores do capital, o
homem corre o risco não somente de cair num abismo, através de uma ponte mal
feita, mas também, ao seguir por ela, ir em direção a um caminho que
não seja exatamente o para além do animal que ele traz em si, animalizando-se de fato, no sentido pejorativo e minimizado da palavra.