quinta-feira, 7 de setembro de 2017

O FILÓSOFO IRÔNICO: ensaios, aforismos, contos, crônicas e poemas

PREFÁCIO
O QUE É IRONIA?

I
Ironia, talvez desconheçam muitos, não é sinônimo de sarcasmo. Por isso mesmo, nem de longe deve ela ser confundida com zombaria.
Sarcasmo e/ou zombaria são formas, mesmo que algumas vezes ditas cômicas, de humilhar e/ou ridicularizar alguém ou alguma ideia.
A ideia de ironia vem do grego antigo “ερωνεία” (“eironēia”) e significa, em síntese, “dissimulação'”. É entendida, conceitualmente, todavia, de duas formas distintas: a ironia filosófica; e a ironia literária.
1-   Na forma filosófica, embora existam outros filósofos considerados irônicos (Voltaire, Kierkegaard, etc.), o conceito de ironia está especificamente atrelado ao filósofo Sócrates, introduzido este por Aristóteles, entendido como Método Socrático. Este, por sua vez, refere-se especificamente ao recurso epistemológico utilizado por Sócrates, descrito nos diálogos platônicos, e que, em síntese, significa simular ignorância, isto é: fazer perguntas fingindo aceitar as respostas do interlocutor (oponente), até que este chegue a uma contradição e perceba, dentro do processo dialógico ou mesmo fora dele, os paradoxos, disparates ou absurdos do seu próprio raciocínio. Sócrates, sendo assim:
a-   Criou um método de busca pelo conhecimento, e não propriamente uma figura de linguagem;
b-   Criou um caminho, pode-se dizer didático, sem ridicularizar quem quer que fosse, para poder questionar, contradizer, refutar, problematizar, e, na mesma via, ir de encontro à construção de conceitos;
c-   Criou uma técnica filosófica para poder romper com o estado aporético, ou seja, com o impasse na busca do entendimento, visando sempre trazer à luz (maiêutica) o axioma (teoria da reminiscência).
2-   Na forma literária, por outro lado, a ironia apresenta-se como um modo de expressão ou figura retórica por meio da qual se busca dizer o contrário daquilo que se quer dizer. Isto é, por meio do uso dela, cria-se uma pausa visando buscar a reflexão do leitor ou interlocutor: uma reflexão sobre aquilo que se escreve ou diz e aquilo que realmente se pensa. A ironia, dentro desse contexto, é muitas vezes usada como forma de crítica, censura ou denúncia.
II
Tanto dentro do conceito de ironia filosófica quanto literária, porém, existem três diferentes tipos de expressões ou manifestações irônicas, a saber:
1- A ORAL: é quando alguém quer dizer uma coisa mas diz outra, ou seja, fala o contrário do intencionado.
2- A DRAMÁTICA OU SATÍRICA: Numa cena ou diálogo, a plateia ou outro ouvinte qualquer entende o significado da situação, palavra ou expressão usada – menos o interlocutor ou personagem.
3- A DÍSPARE OU DE DISPARIDADE: o resultado da ação, algumas vezes cômico, outras trágico, é diferente ou contrário ao planejado ou esperado. Muitos, diante desse tipo de ironia, habituaram-se a, por exemplo, chamá-la de “ironia do destino”.
III
O livro, uma antologia de ensaios, aforismos, crônicas, contos e poemas, aborda temáticas diversas: política, justiça, educação, economia, aspectos sociais, machismo, feminismo, amor, felicidades, etc.
Embora traga algo de provocação em viés literário, a ideia (ou o sentido) de ironia nele contido é filosófica, ou seja, está ancorada nos axiomas ou princípios maiêutico-metodológicos de Sócrates.
O autor
    
Sobre a Coleção

Há algum tempo tivemos a ideia de realizarmos uma criteriosa análise em relação a obras que chegavam às nossas mãos pleiteando publicação e, assim, escolhendo as melhores, publicá-las, autor por autor, algumas em edição bilíngue, numa coleção chamada “FILÓSOFOS DO NOSSO TEMPO”. E hoje ela finalmente está aí, trazendo o melhor dos filósofos contemporâneos para vocês.
A cada nova publicação ou edição, temos descoberto excelentes pensadores. Filósofos que possuem não somente excelente formação, mas também a capacidade de, com as suas ideias, nos fazerem pensar de maneira crítica, dando-nos a possibilidade de compreendemos e resolvermos de maneira mais eficiente e eficaz os problemas do nosso tempo.
Se você acredita ser também um “filósofo do nosso tempo”, envie-nos seus textos para análise.
Os editores


POR QUE OS POBRES MORREM POBRES?

POR QUE OS POBRES MORREM POBRES?

I - DIFERENÇAS ENTRE PESSOAS POBRES (OU DE CLASSE MÉDIA BAIXA) E PESSOAS MISERÁVEIS.

Segundo estudos mais recentes da ONU (organização das nações unidas), uma pessoa considerada miserável, em termos econômicos (diferentemente de uma pessoa dita pobre), é aquela que sobrevive (e não vive), com menos de um ou dois dólares ao dia, destituída de adequada condição de vida, saúde, educação,etc.
Já uma pessoa considerada pobre ou de classe média baixa, diferentemente, é aquela que, além de possuir renda superior a da dita pessoa miserável e levar uma vida minimamente digna, participa, por meio de atividades laborativas formais ou informais, da vida econômica da sociedade.  
Isto é, o dito miserável, diferentemente de uma pessoa considerada pobre ou de classe média baixa, é aquele que, por insuficiência de recursos financeiros, sem ter condições básicas de subsistência:
1-   Está automaticamente fora do jogo econômico capitalista;
2-   Está automaticamente fora da vida social e da vida economicamente ativa;
3-   Está sem condição de cumprir os seus deveres e, na mesma via, de fazer valer ou exercer os seus direitos plenos de cidadão (ou mesmo de consumidor).
Nesse sentido, ser considerado miserável é muito pior do que ser dito pobre ou de classe média baixa, uma vez que, pensa-se aqui, frise-se:
“A situação de miserabilidade, em mais de 99% dos casos, só se resolve com políticas públicas ou ações filantrópicas não paliativas que caminhem nessa direção; e a superação da pobreza, em contrapartida, depende, na maioria das vezes, apenas da determinação do indivíduo em querer buscar se superar e/ou melhorar de vida ao longo da sua existência dita produtiva ou proletária.”
Em outras palavras, a pessoa pobre ou de classe média baixa, ainda que viva de maneira precária ou como excluída social em relação às ditas de classe médias altas ou ricas, possui renda maior ou superior a da pessoa dita miserável, além de moradia e condições de vida minimamente dignas, como também acesso à saúde e educação.
As pessoas miseráveis, na maioria das vezes, diferentemente das pessoas pobre ou de classe média baixa, encontram-se vivendo nas ruas e/ou em condições sub-humanas: condições que não as permitem – sem auxílio externo privado ou público – superá-las.
Em síntese, assim como não se pode comparar economicamente uma pessoa rica com uma pessoa pobre ou de classe média baixa, não se pode também comparar uma pessoa pobre com uma que sobrevive em situações de miséria, embora ambas possam ser, em sentido macro, classificadas como sendo excluídas sociais.


II –PERMANECER POBRE, DEPOIS DE ALCANÇADA A IDADE DA RAZÃO, É FRUTO DE UMA OPÇÃO OU MÁ FÉ.

Em todo caso, pensa-se, nascer pobre ou miserável no mundo atual é uma consequência direta, em mais de 90%, do capitalismo selvagem, e apenas aprox. 10% ocasionados por fatores ditos como “falta de sorte”, “azar”, “pecado cometido pelos antepassados”, preguiça ou falta de sapiência dos pais, condições ambientais, políticas ou climáticas desfavoráveis, etc.
Quaisquer outras hipóteses que, em maior grau, visem culpar os pobres e miseráveis pelas suas condições de exclusão social (e não o sistema capitalista), estarão fazendo apologia da meritocracia e continuando a mascarar o caráter perverso e egoísta da ética ou ótica da doutrina econômica de acumulação e concentração do capital cada vez mais nas mãos de poucos, que é própria do capitalismo.
Entretanto, pensa-se também que, permanecer pobre, a parir do momento em que se chega à idade da razão, é, ainda que tentando se abster de culpa, uma opção, um estado de conformismo e/ou de falta de entusiasmo para buscar se superar.
Isto é, o miserável, como já dito, mas que aqui ainda se faz necessário redizer, diferentemente da pessoa pobre, para poder se superar ou sair da condição degradante em que se encontra, precisa de auxílio externo (caridades não paliativas ou acesso a políticas públicas). Já a pessoa pobre, para poder se superar, prosperar ou deixar de ser uma escrava assalariada do sistema capitalista, precisa, em grande parte, na maioria das vezes, apenas dela mesma: de uma decisão pessoal.
Pessoas pobres ou de classe média baixa, ao contrário das miseráveis, por exemplo, possuem algum tipo de renda, fruto de aposentadorias, auxílios, atividades laborais formais ou informais, etc.
Pessoas pobres ou de classe média baixa têm conta em banco, cartões de crédito, vidas de consumo e, portanto, estão ativas dentro do sistema econômico.
Pessoas pobres ou de classe média baixa, presas aos processos de consumo da obsolescência programada, pagando sempre altos juros às instituições financeiras, não só ao parcelarem, mas também ao pagarem atrasadas suas contas, enriquecem não a elas próprias, mas aos banqueiros e investidores especulativos.
Tanto as pessoas miseráveis quantos as pobres ou de classe média baixa precisam da tomada de consciência crítica. Entretanto, somente as primeiras precisam, além da vontade própria, também de ajuda econômica para poderem sair da situação em que estão. As pobres ou de classe média baixa, diferentemente, precisam apenas, na maioria das vezes, de uma tomada de atitude, ou seja, da tomada de uma decisão visando ajudarem a si mesmas.

III – SE VOCÊ ESTÁ OU VIVE EM CONDIÇÕES DE MISERABILIDADE, ESSE LIVRO NÃO FOI ESCRITO PARA VOCÊ.

Se você nesse momento se encontra sobrevivendo (e não vivendo), ou seja, caso você se encontre em condição de miséria, certamente você deverá ler esse livro e tirar algum proveito dele. Saiba, porém, que ele não foi escrito para você.
Nesse caso (caso se esteja na miséria), antes de buscar tomar uma atitude em prol da superação da sua condição econômica, busque ajuda externa (de pessoas ou entidades que possam fazê-las ou mesmo do poder público). Isto é, para poder estar em condições de promover a sua superação, primeiramente você precisa estar vivendo em condições minimamente dignas.
Por que essa observação?
Porque esse livro, como já dito, foi escrito para pessoas consideradas pobres ou de classe média baixa (e não para pessoas que estão ou vivem em condições de miséria).
Ele foi escrito para pessoas que, mesmo trabalhando e/ou tendo acesso a algum tipo de renda, não sabem como fazer para prosperar, ou seja, não sabem como fazer o dinheiro que elas ganham gerar mais dinheiro para elas.
A realidade das últimas décadas tem sido trágica: muitas das pessoas pobres ou de classe média baixa, por falta de conhecimentos básicos sobre finanças, têm não somente permanecido pobres ao longo das suas vidas proletárias, mas também regredido: se tornado miseráveis.
Nos últimos tempos os números de pessoas ricas só tem diminuído, assim como também inversamente o volume de riquezas por elas controladas. Ou seja, nas sociedades capitalistas, a cada dia mais e mais pessoas estão ficando pobres e miseráveis e, na mesma via, concentrando-se riquezas cada vez mais riquezas nas mãos de poucos.

Cleberson Eduardo da Costa