terça-feira, 8 de julho de 2014

CATÁSTROFE NA ESCOLA: A NEGAÇÃO CONSENTIDOS DOS DIREITOS À HUMANIZAÇÃO & À EMANCIPAÇÃO INTELECTUAL

A obsolescência programada, baluarte da globalização e um dos principais fundamentos do mundo Neoliberal e Neo-pós-moderno capitalista, trouxeram para a sociedade planetária problemas que ela não soube e não sabe resolver.
Problemas estes relacionados não somente as questões humanas, sociais e econômicas, frente ao Individualismo e à Meritocracia (valores propagados pelo capital), mas também e, sobretudo, problemas ambientais; do mundo físico, consequentes da Mercantilização de todas as coisas, materiais e imateriais; consequentes da busca antiética pelo lucro certo, pelo lucro a qualquer preço.
Nesse cenário de catástrofes humanas, sociais e ambientais, surge e apresenta-se outra catástrofe: a catástrofe da escola.
Ou seja, numa era onde se impera a ética do Individualismo e da Meritocracia, como sendo, de fato, sinônimos da justificativa da exclusão, a escola se torna ideológica, na medida em que é especificamente concebida pelo Estado Mínimo Capitalista como o lugar onde os preceitos de humanização e emancipação intelectual são abortados, dinamitados; e, numa outra via, sistematizado o corolário capitalista como seu conteúdo ético-pedagógico.
A globalização Neoliberal, ao mesmo tempo, que trouxe à possibilidade de mostrar os diferentes e/ou as diferenças culturais planetárias, nos seus diferentes povos, por outro lado, associada às políticas capitalistas de expansão de mercados consumidores, paradoxalmente potencializou o desenvolvimento do individualismo, do consumismo, do hedonismo antivirtuoso, do narcisismo, do genocídio, do xenofobismo e dos nacionalismos, levando as sociedades do capital para longe da capacidade de coexistir, de tolerar, de respeitar as diferenças.
Nesse sentido, a desumanização imperou como conteúdo ético capitalista em escala global, planetária, sob a insígnia de repúblicas democráticas capitalistas, comparadas a democracia Ateniense, do mundo Grego, onde aproximadamente noventa por cento dos habitantes não eram considerados cidadãos plenos e, portanto, não participavam dos rumos e/ou das decisões da polis por questões nacionalistas, de autoctonia, anticosmopolitas, sendo estas justificadas pela premissa da busca da autopreservação enquanto sociedade.
À volta a esse tipo de nacionalismo xenofóbico, exacerbado e centrado em si, de “glória do eu mesmo” e de “desprestígio do outro”, por meio dessa Globalização Neoliberal Capitalista, entrou pelas veias dos diferentes povos, como uma espécie de chip da ignorância contra os diferentes e as diferenças; contra os estrangeiros, ou seja, contra os ditos estranhos; contra os ditos inimigos em potencial; contra os não “Eus” que, pela globalização, passaram a ter que enxergar, sistematizando a sociedade dos mesmos, transformando, pela coação, pela educação ou pela coerção, o outro no mesmo.
Princípios de sustentabilidade, biodiversidade, educação ambiental, tolerância e respeito às diferenças passaram então a ser perseguidos como ideais biófilos por uma pequena parcela social e, em outra, por parte dos capitalistas, tentando mascarar suas reais responsabilidades, jogando a solução desses problemas para a sociedade, sabendo que a mesma não tem condições de resolvê-los.
Redefinições no caráter da educação, no papel da escola e no que diz respeito à função social do professor, passaram a soar como um imperativo, na medida em que a condição humana desumanizada passou a ser percebida como um produto da sociedade do capital, demonstrando a impotência da escola no enfrentamento desse problema.
Ou seja, a escola, hoje, nas sociedades do capital, é catastrófica porque reflete e reproduz essa sociedade perversa, corrompendo, impedindo o indivíduo que nela entra de educar-se de fato, de humanizar-se, de emancipar-se intelectualmente, ou seja, de poder desenvolver-se, desenvolvendo em si uma condição humana verdadeiramente humanizada.
A escola, hoje, não passa de um sofisma grego: o ideal da estátua. O ideal de poder vir a ser o eu mesmo, o mesmo sempre; ou então de ser o outro, de poder ser o outro completamente.
Isto é, a escola prega a missão, hoje, no mundo do capital, de poder transformar gruas em cisnes, mascarando o caráter perverso do capitalismo, uma vez que ela, na verdade, simplesmente cria estigmas, cristaliza ilusões, sistematiza e justifica a exclusão ao, através dos diplomas e dos currículos, dizer, enganosamente quem é inteligente e quem não é; quem terá sucesso e quem não terá; quem será incluído e quem não será.
Em todas as suas línguas, como o estado capitalista, a escola mente. Exatamente aí está à catástrofe da escola, a Pedagogia da Mediocridade.
O que se sinaliza é que, sem que a Escola venha procurar conhecer a si mesma, difícil será vislumbrar novas possibilidades de transmutação.
Repensar e redefinir os valores sociais, as políticas educacionais, eis os grandes imperativos da educação para e Escola na era dos Estados capitalistas.
Todavia, como veremos as instituições educativas, como sendo ideologicamente reprodutoras e não transformadora da sociedade do capital; como sendo reprodutora dos valores Individualistas e Meritocráticos do capitalismo, como salientaram vários intelectuais como Paulo Freire, no seu livro Pedagogia do oprimido e Pablo Gentili, no seu livro Pedagogia da exclusão, fracassa nesse processo, ou seja, ao invés de educar, deseduca, ao invés de humanizar, desumaniza, ao invés de ensinar a pensar, adestra e treina o indivíduo para ter pensamentos.
Ou seja, a escola, não transforma a sociedade do capital, mas submete-se aos seus valores, reproduz e sistematiza-a com todas as suas mazelas sociais.

 

Tema:FilosofiaCiências Humanas e SociaisDesenvolvimento HumanoPalavras-chave:emancipaÇÃo, humanizaÇÃo, intelectual

Ps. texto introdutório, parte do livro "Catástrofe na Escola: a negação consentida de direitos, de Cleberson Eduardo da Costa, à venda, em todo o mundo, impressos e kindle, inglês e Português, via www.amazon.com 

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